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Falta de ar e fisgadas no coração podem ser apenas gases


29/06/2016


Entenda como isso acontece e tire outras dúvidas sobre a flatulência

O constrangimento é grande. O assunto é tão delicado que muita gente não se sente confortável em falar sobre ele. Mas a formação de gases está longe de ser algo fora do normal, ao contrário: a fermentação dos alimentos é parte do processo de digestão, sendo necessária para que ocorra o aproveitamento de uma série de nutrientes pelo organismo, como vitaminas, sais minerais e proteínas lácteas. "Isso só é motivo de preocupação quando compromete a vida social, causa cólicas muito fortes ou põe em risco a dieta, devido à dilatação do estômago", afirma o nutrólogo Laércio Gomes Gonçalves, de Brasília. Tire as suas dúvidas sobre a formação de gases e se eles causam prejuízos à saúde:


Os gases estão sempre relacionados à alimentação?

Os gases se formam pela fermentação dos alimentos ingeridos, mas não podemos considerar necessariamente um problema de digestão. "O processo acontece devido à ação das bactérias existentes em todo o trato digestivo, desde a boca até o último segmento do intestino grosso", explica o nutrólogo Laércio Gomes Gonçalves, de Brasília. A fermentação dos alimentos faz parte do mecanismo de retirada e aproveitamento de vitaminas, sais minerais e até mesmo das proteínas da carne, do leite e dos queijos, que precisam ser fermentadas para serem utilizadas. O que acontece é que às vezes há um acúmulo maior desses gases resultantes da fermentação, que precisam sair por algum lugar. "Os carboidratos se destacam quando o assunto é formação de gases, como é o caso das verduras de folhas largas (couve e repolho), batatas e mandioca", destaca o especialista. Os derivados lácteos, como leite, queijos e iogurte, também estão mais sujeitos à fermentação - principalmente em situações de intolerância à lactose.

Além disso, mascar chicletes, fumar e beber refrigerantes pode favorecer os gases, principalmente a eructação (arroto). Isso acontece simplesmente porque, ao adotar esses hábitos, também é consumido o ar do ambiente ou o gás do refrigerante, e eles precisam sair por algum lugar. "Nesses casos a maioria das bolhas de gás são rompidas em contato com a mucosa ácida da parede do estômago, aumentando a ocorrência de arrotos, e não provocando distúrbios intestinais", explica o nutrólogo. Outros hábitos que podem aumentar a ingestão de ar são comer muito rápido e falar durante a refeição. Além disso, o sedentarismo pode favorecer tanto os gases quanto a constipação. Isso porque passar muitas horas sentado provoca uma diminuição dos movimentos peristálticos (movimentos do trânsito dos alimentos e do bolo fecal), o que aumenta o processo de fermentação e formação de gases. "Por outro lado, a diminuição da velocidade de digestão por ausência de movimentos após as refeições também contribui para a formação de gases, já no estômago, bem como dificulta a formação de bolo fecal."


Os gases causam mesmo dor no peito?

Sim, pode dar essa impressão. "A maioria dos gases fica estacionada no cólon transverso (aquele que atravessa a cavidade abdominal da direita para a esquerda) e tende a se movimentar para cima, estando você sentado ou em pé", afirma o nutrólogo Laércio. Com isso, há compressão nos órgãos que ficam abaixo do diafragma (fígado, vesícula, pâncreas e baço). O movimento das bolhas gasosas causa essa compressão e, portanto, podem surgir cólicas e dores nessa região do peito. "Não existe risco cardíaco nenhum numa situação destas, muito embora uma boa parte da população já tenha conhecimento da existência de um infarto do miocárdio de parede posterior, ou seja, justamente aquela porção que está assentada sobre o músculo diafragma", ressalta o especialista. Uma cólica nesta posição pode assustar, mas o infarto geralmente vem acompanhado de uma série de outros sintomas, como vômitos e sudorese intensa.


Eles dilatam o estômago, interferindo na fome?

Sim. O acúmulo de gases causa uma dilatação do estômago, preenchendo aquele espaço com ar. "Isso provoca uma sensação de saciedade precoce, levando a perda de apetite precoce", lembra o gastroenterologista Décio Chinzon, do laboratório Pasteur, em Brasília. É muito comum isso acontecer com ingestão de refrigerantes, pois todo aquele gás pode se acumular no estômago. Embora pareça uma vantagem, esse efeito pode ser desastroso dentro da reeducação alimentar, uma vez que essa sensação de "estômago pesado" faz com que a pessoa não coma tudo o que deveria na refeição, ficando com fome mais cedo do que o esperado e exagerando nas refeições seguintes.


Como saber quando os gases estão trazendo prejuízo à saúde?

Percebe-se o prejuízo do excesso de gases pelas manifestações físicas de desconforto: cólicas no abdômen, falta de ar com encurtamento da capacidade de respiração na fase de inspiração, fala entrecortada pela falta de ar, refluxo em pessoas portadoras de hérnia de hiato e arrotos com odor dos alimentos em decomposição, por exemplo. "Por si só, os gases raramente causam maiores problemas. No entanto, se estiver associado a vômitos, diarreia, perda de peso ou azia, o médico deve ser consultado", afirma o gastroenterologista Décio.


Tem algum problema em prender gases?

Não causa nenhum prejuízo à saúde especificamente, diz o gastroenterologista Décio. "No entanto, pode causar os desconfortos já descritos comuns do acúmulo de gases no corpo", completa.


Soltar gases toda hora e normal?

Eliminar gases o tempo inteiro não é habitual. "Pode ser um sinal de que existe uma produção excessiva de gases em decorrência de uma dieta inadequada, geralmente rica em grãos, lactose e frutas e verduras com excesso de sorbitol ou frutose", conta o gastroenterologista Décio. Além disso, a liberação excessiva de gases pode ser sintoma de alguma doença como intolerância à lactose, intolerância alimentar e refluxo gastroesofágico.


Flatulência e arroto são a mesma coisa?

É quase o mesmo. O arroto, ou eructação, é a liberação de gases contidos no esôfago ou estômago. Ele pode acontecer devido ao refluxo gastroesofágico, que é quando alguns gases da digestão escapam do estômago e sobem pelo esôfago, ou então por conta da ingestão excessiva de gás durante as refeições. Já a flatulência é a liberação do ar que ficou acumulado no final do intestino, decorrente da fermentação dos alimentos no estômago.


Por que cheira tão mal?

Os gases tanto da flatulência quanto da eructação são compostos quase 100% de nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono, hidrogênio e metano, sendo os dois primeiros mais abundantes no arroto. Ao contrário do que se pensa, esses gases não têm qualquer odor, seja bom ou ruim. Entretanto, uma parcela pequena do total desses gases (cerca de 1%), é constituída de enxofre, esse sim responsável pelo mau cheiro e muito mais comum na flatulência.


Fointe: Minha Vida



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